são brancos os Natais da minha memória. Pela neve que não caia, mas pela pureza em que vivia. Acreditava que um dia tudo podia ser diferente, pela mão de um mágico o acordar traria a nova invenção do mundo. As manhas calmas do Natal, o cheiro, o sabor... correr para o borralho e encontrar o sapato cheio de chocolates, nozes, meias e outras roupas. Nunca no Natal tive coisas que não me fossem úteis, tirando as gluseimas, daí que acreditasse no pai natal justo. Apenas me dava coisas na medida das minhas poucas necessidades. Justo, é a palavra correcta. As brincadeiras corriam por conta da imaginação.
mais tarde, aprendi que o meu pai natal não existia. Nada tinha que ver com o natal, mas porque não tinha pai. Não fiquei triste por não ter pai, afinal seria igual a muitos outros meninos. Conformei-me assim! Continuou a ser branco o natal na minha memória. Branco e justo.
agora, desapareceu a brancura do meu natal. Deixou de ser justo.
neste dia, que agora começa, ainda acredito que possa ser mágico. Acredito que possa ser justo. Acredito que as brincadeiras dos nossos meninos possam correr por conta da sua imaginação. Acredito. Pode ser esta a palavra que move a vida.
o natal está aí, é todo vosso. Desejo que seja diferente para cada um de vós, mas que se torne naquilo em que verdadeiramente acreditam.