1.12.06

dia de tudo

se houvesse um dia, um só dia,
um dia de mudar
vestia o melhor fato, até gravata,
saia na rua a dançar

se houvesse esse dia
bebia o melhor vinho
matava de uma vez só
a saudade de me libertar

se houvesse um dia, meio dia,
a noite seria de estrelas
cintilantes só nos teus olhos
de tanto amar

18.9.06

claro

claro

que te deixo cair
num sermão desarticulado
de mal dizer

podes morrer
numa overdose
de estupidez

que nada me importa!
porque eu?
quero apenas viver

8.9.06

não vou

não vou voltar para te amar
não vou deixar de te beijar

enquanto o som das palavras se ouvir
não vou desistir

de criar uma imagem de partida
um adeus no ar

para não voltar

15.8.06

infelicidade

porquê?
porque te julgas importante para me julgar?

de onde vens?
quantas vezes ousaste ser diferente?

que voz queres?

sinto que és infeliz
porque não tens um mar

tens um rio
que não tem foz

sem ti

sem ti
não vi o sol chegar
perdido no horizonte
num abandono desesperado
desejei ser o vento
para te beijar

9.6.06

madrugar em moçambique

Madrugar é enrolar a neblina
No silêncio das despedidas
Deitar a noite
Numa esteira de luz
Acordar o dia
Com o frio da manhã

poemailustrado

9.3.06

menino da rua

deste lado do espelho
não há existência, não há cor

no tempo velho
não há infância, só dor

na solidão deste olhar
não encontrei o sol

vi-te desaparecer
no escuro da rua
de mão dada com a lua

neste chão que piso
senti o amargo da vida
do meu menino da rua

8.3.06

vertigem

vertigem
é o que se sente
quando de dentro sopra
a voragem de um dia ficar
frente a frente

é o que se perde
por não saber
que por entre a folhagem
existe um rosto
próprio

6.3.06

quem sou

que fazes hoje?
que dia é hoje?

dia de passar por ti
dia de te beijar

que dia é hoje?
quem sou eu?

6.2.06

hoje

hoje
parei em frente da tua janela,
senti o frio dos dias,
vi o teu rosto espelhado
no rio dos meus olhos

não me lembro do tempo
em que te esqueci

ficarei sempre na tua janela
olhando o teu rosto
em mim