Mais uma vez percorro Maputo com o olhar de despedida. Inunda-me este sentimento nostálgico que não devia partir, acho que o meu lugar é aqui. É aqui que devo ficar. É por aqui, vagueando pelas ruas, que encontro gente invisível nos portões das casas despidas de luxos. Gente que, não sei o que sonha, não sei para onde vai, nem o que quer ser. Provavelmente não os entendo com estes olhos desfocados, ocidentalizados, na perspectiva de que qualquer um deve ter um fim para lá da sua existência terrena. Aqui não. Viver basta.
são estas acácias que trazem
a cor dos dias
que passam
agitados com o vento que a tarde
insiste em prolongar
as almas boas que se escondem
da noite que,
curta nos sonhos,
desconforta o corpo dorido
de todos os dias vividos
nos anos que de tão longos
não se alcançam com o olhar
terno e doce
de quem acaricia
a vida que serve de almofada
não serão serão os pesadelos
que o vão acordar, não,
vai ser a flor
rubra da acácia a fazer lembrar
que outro dia vai começar