8.12.04

juventino miranda

Juventino Miranda, era um revoltado contra o sistema. Não sabia o que era o sistema, mas Juventino era revoltado. Morreu. Da estória da morte, e da vida, se vai dar conta nestas e noutras linhas

Neste ano de 2317, era o terceiro Natal que se passava. Cristo havia descido à terra e era agora presidente da organização de comércio livre. Tirano e absoluto como só um filho de divindade pode ser. Cristo, de seu nome verdadeiro Jesus Nascimento Cristo, era preto nascido na Africa do Sul. A sua terra tinha desaparecido nas profundezas do mar, fruto do aquecimento global que se tinha iniciado trinta anos antes.

Cristo afirmava ter nascido sete vezes no ano, no entanto só três delas deveriam ser comemoradas. Por obrigação todos os habitantes da terra eram obrigados a comprarem presentes. Cristo andava contente.

Um espinho apenas estava atravessado na garganta de Cristo. Juventino Miranda, o revolucionário. Muito antes dos livros terem sido proibidos lia tudo o que havia para ler. Falava de uma Cuba que ninguém conhecia e de um tal Ché, falava de liberdade e de justiça. Juventino tinha sido preso e condenado a nunca mais, no resto da sua vida, por os pés no chão. Juventino pairava, suspenso por uma estranha força. Exemplo para todos aqueles que lutavam contra a organização de comércio livre.

Cristo não tolerava tais formas de arrogância. Juventino continuava a falar para quem o queria ouvir, agora suspenso no ar a lembrar um anjo - mau, é certo.

Juventino era um sonhador, que num més de Dezembro de 2316 fez uma autêntica revolução.

É da luta de Juventino contra Cristo que se fará as próximas estórias. Uma estória onde o sonho morre com um sonhador, sem final feliz nem heróis.