Deixei que a noite chegasse devagar.
O frio que me recebeu na chegada à casa de pedra ficou para jantar.
Acendi a lareira.
Hoje, sozinho, deixei-me envolver pela neblina. Deixei-me conquistar pelos braços doces de um amor antigo.
Hoje é o dia.
O dia em que o mundo fica pendurado no amor de dois amantes.
Hoje o mundo mudou.
Inventou-se a paixão efémera de um beijo às escondidas.
Hoje é noite.
Na serra não há lugar à vida dos amantes.
Aqui a neblina envolve e mata cada segundo da nossa memória.Somos dois, hoje!
Acendi o charuto, aconcheguei o casaco de lã, encostei-me à varanda e deixei que a neblina nua me abraçe.
Hoje, na noite, não há lugar ao amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário